Santiago de Compostela: um caminho ou um destino? E na vida?

Uma história do meu caminho!

 

É de manhã. Saímos da pousada à hora prevista para iniciar o dia mais comprido da nossa jornada.

Durante todo o percurso até então, caminhei na esperança de encontrar um riacho, onde pudéssemos banhar-nos e usufruir. Ouvíamos água a chamar, vimo-la por várias vezes mas ainda não tínhamos encontrado um sitio que nos permitisse aproximar-nos.

Foi nesse dia, ao fim de umas horas de caminhada, que vimos uma clareira. Estava frio nesse e o caminho era ingreme, tínhamos uma meta desafiante e pouco tempo, muito peso e algum cansaço.

Ainda assim não hesitámos em ir… Encontrámos o que queríamos mesmo no dia em que não nos dava jeito. E a nossa decisão foi usufruir e agradecer!

E ficámos o tempo necessário, o tempo que soube bem… sentimos o arrepio da água gelada, o cheiro da vegetação húmida, vimos o brilho das pedras (e tanto que elas brilham no trilho de la Prata), os insetos, ouvimos o som da água a correr… limpámos, enraizámos, energizámos!

Enquanto isto vimos grupos de peregrinos a passar e observámos a velocidade a que caminhavam. Pé ante pé, determinados, focados, como nós caminhámos em outros momentos. Poucos desviaram o olhar para a cascata, os que a viram, mesmo que esboçando um sorriso de micro segundo, voltaram a olhar em frente e a caminhar rumo ao seu destino.

Conversámos sobre isto, sobre tal como na vida, também ali cada pessoa tem o seu objetivo, a sua luta a travar, a sua meta e as suas prioridades.

Nós estávamos para usufruir a viagem, outros para cumprir promessas, outros para cumprir quilómetros, desafiar o corpo, desafiar a mente, curar, o que for… igualmente válido par cada qual.

Mas no final desta reflexão, uma pergunta ficou no ar…

 

"Serão estas escolhas conscientes? Caminhamos na vida à velocidade que realmente queremos?"

 

Naquele momento escolhemos usufruir. Quantas outras vezes nos escapou no dia a dia uma cascata por seguirmos obstinados em chegar ao destino.

Então, hoje rogo para que saiba sempre reconhecer os momentos de parar e de seguir para dar ao meu caminho o sentido que quero.

 

E tu, como caminhas?

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