Sobre generosidade. E sobre ecos de nós mesmos!

Quero falar-vos sobre uma experiencia que tive e que me vem muitas vezes à mente, em forma de lembrete, quando penso em generosidade!

Estava um dia frio e, no caminho de levar o meu filho à escola, vi três pessoas sem abrigo no banco do jardim. Conversavam encolhidos, mexiam nas poucas coisas que cada um tinha, pareceu-me que à procura de algo que os pudesse agasalhar.

Senti-me compelida a ajudar… e ao mesmo tempo… com medo, com vergonha de me aproximar, receio da reação que poderiam ter… Deixei o meu filho na escola, corri a casa apanhar uns casacos, camisolas quentes e mantas. E conduzi novamente para o local onde os vi. Já não estavam lá…

 Na minha cabeça passou o "ok, vou para casa. Se já não estão aqui é porque não tinha que ser".

E depois veio-me "ajudar o outro tem sempre que ser, se vem do coração."

 E segui pelas ruas, à procura, não deveriam estar longe. Encontrei-os a caminhar, a empurrar um carrinho de compras de supermercado com tudo o que tinham.

Fiquei quase 15 minutos a ganhar coragem. Bolas, estava mesmo com receio que eles ficassem ofendidos com o meu gesto. Como se fosse sobre mim… (e era, vejo agora que era um eco daquilo que eu achei que sentiria se estivesse eu a receber a ajuda)

 Num impulso, abri a porta do carro, corri para perto deles e chamei-os. Olharam-me que se os fosse atacar. Partiu-me o coração. O que os terá feito identificar como ameaça eu aproximar-me? Que experiências terão tido para definirem esse padrão na sua mente?

 Ofereci o saco. Recebi dois sorrisos e um "obrigada, que Deus te abençoe". Sorri e pensei "já abençoou, abençoa todos os dias por me permitir viver a vida que eu escolho!"

 

Partilho isto contigo com a maior generosidade também, porque quem sabe também já não tenhas sentido o receio (eco) que eu tive ao inicio e isso impediu-te de avançares. A mim impediu-me algumas vezes na vida! E sabes porquê? Porque eu própria tinha (às vezes ainda tenho) dificuldade em aceitar ajuda, em estar vulnerável aos olhos do outro.

 Agora, sempre que estou perante um dilema como estes penso:

 "Eles têm frio e tu tens mantas, é tão simples como isso! Abre o coração e vai, sem expetativas. Que isso não retire a intenção do teu coração. Sê grata e segue!"

 E no dia em que estiveres do outro lado e receberes ajuda, abre o coração e aceita, sem vergonha! Que isso não te retire a dignidade e o respeito por quem és. Sê grata e segue!"

 

Com amor,

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