(re)Ler-me fez-me chorar: o impacto de uma carta ao futuro
“Querida Riser,
Eu vejo-te!
Escrevo-te hoje, dia 20 de Março de 2022, dia de renascimento, de início de um novo ciclo, de uma nova primavera. Escrevo-te para te lançar as minhas intenções e criar em mim aquilo que serás.
Este vai ser um ano difícil, um ano de viragem. É o teu ano de largar o que já não é para ti... a tua matriz de dor, as tuas crenças limitadoras, o teu futuro antigo, criado na ilusão da tua mente de que era esse o teu caminho.
É momento de assumires quem és, de te libertares das amarras que te prendem, e voar... rumo ao incerto, ao desconhecido, ao que ainda não sabes como será.
Agradeço todo o meu caminho até aqui, todos os ganhos e todas as perdas que me trouxeram a este ponto. Para este novo ciclo, peço clareza e visão, para saber os caminhos a seguir, peço diligência e perseverança, para não desistir e peço abundância e prosperidade para poder seguir o meu coração e ajudar mais e mais mulheres. E a certeza de que EU SOU SUFICIENTE, EU CONSIGO!
Que nesta carta, daqui a um ano, vejas refletido o teu caminho da verdade. Vais criar, vais errar, vais ter medo, vais queres desistir mas eu sei, do fundo do meu coração, que não o vais fazer. Vais passar por provações, tempos difíceis, mas quando receberes esta carta terás conseguido.
Vais ser a tua verdadeira essência. Já terás impactado profundamente a vida de algumas pessoas e vais estar a criar para outras tantas. Sentir-te-ás grata pelas tuas escolhas e por estares a fazer no mundo aquilo que vieste fazer.
(…)”
Este é o trecho da carta ao futuro que me escrevi a mim própria em Março de 2022.
A carta que não me recordava já de ter escrito e que encontro devolvida no email dias após o meu regresso do retiro de meditação Vipassana.
Abro o email com curiosidade e entusiasmo. O que terei eu escrito para a Andreia de hoje? Começo a ler e as lágrimas caem… são lágrimas de compaixão, pela dureza deste ano, e são lágrimas de gratidão, por todo o caminho feito e por todas as estrelas que me iluminaram quando tudo parecia escuro. Quando escrevi não fazia ideia das reviravoltas que iria fazer, sentir, provocar… em mim e nos outros! Não sonhava sequer o seu impacto nas vidas ao meu redor…
Mas neste dia em que a li, ao me colocar na pele da Andreia de há 1 ano, vejo a sábia antecipação da mudança, vejo a força que não sabia ter para o que viria, vejo a coragem para abraçar o desconhecido em busca de um encontro de mim… quando “mim” era ainda um destino turvo, indefinindo, que eu ansiava por clarear.
E, exatamente 1 ano depois deste texto, no dia 20 de Março de 2023, estava num Centro de Meditação Vipassana, a fazer um retiro de 10 dias em Nobre Silêncio, naquele que seria o meu processo de morte e renascimento. Que morte! E que renascimento!
Recordo hoje a criação da Rise to be e faço um balanço deste ano. Vejo claramente que aquilo que criei para vocês foi a jangada que me levou à outra margem do rio. Aconteceu-me por várias vezes ler um texto meu escrito há semanas e, naquele dia em que o publico, sentir que escrevi para mim porque precisava de receber aquela mensagem em eco. Aconteceu outras tantas, estar a acompanhar Risers em processos de Coaching e textos também escritos há mais tempo, ressoarem nelas no momento presente como se tivesses escrito diretamente para elas. E quem sabe não foi mesmo, vindo de uma outra dimensão do tempo, em antecipação do que viria a ser necessário. Quem sabe…
Escrevo-te agora a partir do Centro Kandampa, em Sintra, ainda no rescaldo deste emergir da nova Andreia (que sei diferente mas ainda não sei exatamente em quê), em vésperas de Domingo de Páscoa, também dia de Renascimento. E escrevo para te dizer que sim, que podes também tu renascer uma, duas, três vezes… as que forem importantes ou necessárias, para seres nesta vida a tua versão mais autêntica, mais feliz! E para te dizer que não estás sozinha, que muitas de nós o fazemos vezes sem conta e que também a ti te posso ajudar a encontrar esse ponto.
Escrevo-te também para partilhar contigo aquele que, de todos os ensinamentos que acumulei nestes últimos anos, me trouxe me trouxe harmonia e equilíbrio:
- “Tudo, repito, TUDO, é impermanente!”
Por isso acolhe a alegria, acolhe a tristeza, a dor, a felicidade, o bom e o mau, o intenso e o sublime., acolhe tudo com a mesma calma, com a mesma entrega e com a mesma aceitação. Sente e recebe, sem te apegares, porque no momento seguinte tudo isto muda! TUDO!
Força e fé no teu caminho. Boa Páscoa!